Frase do dia, da semana...

Tanto para o menor como para o maior, há alguma coisa que só se pode realizar uma vez; e nesse feito o coração repousará (Fëanor, no Circulo de Julgamento, O Silmarillion)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Entrevistando ROSANA RIOS


Dando início a uma série de entrevistas com queridos nerds conhecidos na área, o Quadrante Gama apresenta as palavras de Rosana Rios, também conhecida como Shelob.
[uau! Nem eu conhecia esse currículo!!!]

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Entrevistando Rosana Rios


QG: Como toda entrevista séria que se preze, vamos começar falando de você. Quem é a *Rosana Rios*?

RR: Rosana Rios é meu nome literário, que por acaso também é meu nome verdadeiro... Mas tem muita gente que me conhece como Shelob, Laracna, Tenente Ro e outros nicks. Sou escritora, roteirista e dramaturga. Sou também ilustradora, minha formação é de Artes, mas dedico-me mais à escrita que ao desenho ultimamente. Fora isso... sou uma colecionadora de dragões.

QG: Quando e como você descobriu seu talento de nos contar histórias tão cativantes?

RR: Contando histórias para filhos e sobrinhos. Comecei a escrever histórias infantis e em 1986 fui contratada para trabalhar como roteirista no programa “Bambalalão”, da TV Cultura de SP. A partir de 1988 passei a publicar livros para crianças e jovens, e não parei mais de trabalhar com a LIJ, porém nos últimos anos estou me dedicando bastante à Literatura Fantástica.

QG: Imagine que numa outra dimensão você não é uma escritora. O que você é? (Observe que não usei “seria”)

RR: Provavelmente uma oficial klingon numa nave classe Vor’cha, planejando matar o capitão para assumir o posto dele. Ou uma sacerdotisa celta tentando sobreviver numa terra ocupada por coortes romanas. Ou uma Fúria Negra numa matilha de lobisomens querendo se vingar de um Cria de Fenris traiçoeiro. Ou uma jovem inglesa numa propriedade rural tocando piano e olhando com melancolia para o gramado que se estende além do salão da propriedade... ou uma matriarca num feudo em algum lugar na Alemanha medieval esperando os descendentes voltarem da batalha... É isso que dá jogar RPG, a gente se acostuma a outras dimensões. Mais do que deveria, eu acho.

QG: Como as ninfas da inspiração despertam você?

RR: Hum, inspiração é uma coisa que não sei ao certo se existe. Para escrever, eu leio, vejo filmes, ando, viajo, e faço anotações das idéias que despertam. Então começo a trabalhar nessas idéias até elas darem frutos. Junto material sobre cada idéia. Quando cada uma amadurece, na maioria das vezes invento personagens e situações, pesquiso tudo sobre o universo que pode cercá-las, e só depois de estruturar cada história é que começo a escrever. Em vez de inspiração, transpiração pura, muito trabalho. Mas às vezes acontecem coisas estranhas, como ter um sonho ou uma visão de uma cena, e aí escrevo a história a partir do que apareceu. Vai ver que, nessas vezes, foi a ação das ninfas...

QG: Você tem alguma banda ou música que a ajudam na hora de se inspirar? Qual?

RR: Eu ouço muito rock clássico, anos 1960-1970. E música clássica, ópera. E Bossa Nova. Mas não na hora de escrever. Não consigo escrever com música. Ou melhor, quando escrevo pode tocar o que for que eu não ouço, pois estou dentro do universo “ficcional” e o “mundo real” quase deixa de existir para mim.

QG: E seriados de TV?

RR: Ah, sou viciada, tornei-me seriadomaníaca na década de 1960. Naquela época a nerdice não existia e todo mundo me olhava esquisito, pois eu fazia até listas de episódios, coisa de gente doida. Gostava muito, na época, de “O Túnel do Tempo”, “A Feiticeira”, “Missão Impossível” etc... Vi tudo de “Star Trek”, depois acompanhei as temporadas completas de “Babylon 5” e “Stargate SG1”... Hoje vejo “Heroes”, “Desperate Housewives”, “House”, “Monk”. Mas o que eu não perco de jeito nenhum é “The Big Bang Theory”.

QG: Qual (ou quais) seu autor favorito?

RR: Brasileiros, Monteiro Lobato e Machado de Assis; contemporâneos, Milton Hatoum e Moacyr Scliar. Estrangeiros, J. R. R. Tolkien, Alexandre Dumas; contemporâneos, Neil Gaiman, Terry Pratchett, José Saramago.

QG: Na sua opinião, o que falta para que o brasileiro aprecie melhor as obras de sci-fi em geral?

RR: Mais divulgação, ter espaço na mídia, estantes melhor organizadas nas livrarias, bibliotecas mais bem equipadas, editores menos preconceituosos e uma crítica literária mais voltada a analisar bons enredos e estimular o prazer da leitura do que ao academicismo.

QG: Para encerrar a parte “formal” da entrevista, você consegue dizer qual o livro, de sua autoria, que é seu favorito?

RR: Hum, difícil. Livro é feito filho. A gente ama de paixão cada um. Mas se eu tiver de citar um que me deixou muuuuito satisfeita com o resultado, seria o “HQs: quando a ficção invade a realidade”.

QG: Todos nós sabemos que você é uma nerd assumida. Então, vamos começar com as perguntas nerds. Diga-nos que tipo de nerd você é?

RR: Alucinada. Curto literatura, cinema, seriados de tevê, quadrinhos, rock, RPG, ópera, dragões, mitologia, psicologia, ciência, história antiga, museus, jogos. Tudo misturado e de preferência fazendo crossovers. Falo sozinha quando assisto tevê e discuto com meu computador e com o Mutley que fica ao lado dele. Mas custei a descobrir que isso tudo era coisa de nerd, pois décadas atrás essa palavra nem existia.

QG: Seu humor pela manhã é estilo Darth Vader, Capitão Kirk ou Luna Lovegood?

RR: Ah, definitivamente Luna. Com um toque aracnídeo.

QG: Conte-nos um segredo: você é da Sonserina, Grifinória, Cornival ou Lufa-Lufa?

RR: Slytheryn, sempre.

QG: HQ´s fazem parte das posses de uma nerd. Quais suas preferidas e por quê?

RR: Coleciono Asterix desde a década de 1970. Mas amo de paixão Wolverine, sou a fã número um da Graúna do Henfil, tenho fissura por Sandman e não deixo de lado uma boa aventura de Donald e Peninha. Fui roteirista da Disney, contratada especialmente para escrever histórias de Maga Patalógica e Madame Min.

QG: A frase: “há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante..." lhe desperta quais sentimentos?

RR: Ímpetos de usar a Força e trazer à mão meu sabre de luz.

QG: Se você pudesse comprar uma nave estelar, qual seria?

RR: Minha preferida sempre foi a Enterprise D.

QG: Dano crítico: qual o maior problema que você enfrentou numa aventura de RPG?

RR: Chi, tantos... Talvez a pior tenha sido montar uma personagem que era uma sacerdotisa bretã superlegal e, na primeira sessão, ser informada pelo mestre que ela acabava de ser capturada como escrava por um decurião romano. Sofri muito naquela aventura. Maldito Império Romano!

QG: Uma vez que teremos a Copa do Mundo de Futebol e as Olímpiadas do Rio, vamos falar de esportes. Você já teve calo nos dedos por jogar videogame demais?

RR: Hum, não jogo videogame. Só joguinhos bobos de computador, tipo Scrabble, Butterfly, Solitaire ou Spider. Quanto a Copa do Mundo e Olimpíadas, nunca vi. O que é isso?

QG: Jogo rápido: Kirk ou Picard? Darth Vader ou Voldemort? Spock ou Data? Batman ou Homem-Aranha? Bazinga ou Resistir é Inútil? Atreides ou Harkonnen? Live ou tabuleiro? Saphira ou Nazgûl? Pizza ou Big Mac?

RR: Picard. Darth Vader. Spock. Nem B, nem H-A, Wolverine. Resistance is Futile. Atreides, claro! Tabuleiro, sempre. Nazgûl. Hum... pode trocar por esfiha do Habbibs?

QG: Duas perguntas importantes: a) qual seu protetor de tela? B) que você tem debaixo da cama?

RR: Meu protetor de tela é uma tela negra com letras brancas andantes que dizem: Almarë... Namárie... Sob a cama tenho um par de chinelos e minha cachorra, que só sai de lá quando é expulsa do quarto.

QG: Agora, falando sério. Qual conselho você dá para quem quer ser um escritor de literatura fantástica?

RR: Ler muito, ler de tudo. E, quando escrever um texto, revisar, revisar, revisar. Aceitar a opinião dos editores: um texto nunca sai “pronto” da mão do autor. Para resultar num bom livro, precisa das dicas de um profissional do ramo e da ajuda de revisores que conheçam bem a língua portuguesa.

QG: Finalizando, deixe algumas palavras para nossos leitores. Ah! Aqui não é o twitter, então, pode ultrapassar 140 toques.

RR: Nossa, quanta generosidade. Bem, vejamos... acho que ser escritor é uma forma de deixar algo de divertido como herança neste mundo. Por mais que uma história seja fundamental, bem escrita, profunda, humana, se ela for chata de ler, danou-se: ficará esquecida numa prateleira. Ou, pior, sustentando um pé de móvel. Meu objetivo profissional é escrever livros que as pessoas leiam com prazer, que as emocionem, façam pensar, mas façam rir. E sobreviver, é claro; o que me tornou uma ferrenha defesa dos Direitos de Autor. Escrever é profissão, não é diletantismo. De resto, defendo que a nerdice é o estado natural para o qual caminha o ser humano, portanto que quem quer sobreviver nas próximas décadas tem de se assumir como nerd. E aos leitores... Que vivam longa e prosperamente.

2 comentários:

  1. Adorei a entrevista. Eu sabia que meu gosto era muito parecido com o da Shelob, mas não imaginava que fosse tanto assim xD

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  2. Oi, Alexandre
    Que bom que você gostou.
    Outras entrevistas interessantes serão postadas em breve.

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