AS MOTIVAÇÕES DE BOROMIR
Ensaio elaborado por Edhelcalen
“Adeus, Aragorn! Vá para Minas Tirith e salve meu povo! Eu falhei.”
Estas foram as últimas palavras de Boromir, filho de Denethor II, de Gondor.
Voltemos um pouco no tempo.
2984 T.E. Um menino de seis anos assiste seu pai assumir o governo de um reino que traz sangue de Númenor, mas que também herdou uma perigosa vizinhança.
Esse menino, que até então se permitia ser uma criança como qualquer outra, passa a ter seu destino traçado, e troca suas atividades infantis pelo treino incessante de batalhas.
Cresce ora com os olhos voltados para as fronteiras leste, ora assistindo os mortos serem enterrados.
Esse mesmo menino, que foi forçado a trocar as brincadeiras pela habilidade com a espada, chama-se Boromir.
Gondor há muito se tornara a barreira que separa o mal que exala de Mordor da paz que os povos do oeste desfrutam; paz que reina onde nem o som do choque de espadas nem a umidade do sangue derramado chegam.
Em 2001, Bilbo dá sua festa de despedida. Em meio a músicas, comidas e fogos de artifício, o Condado se diverte, e Boromir, aos vinte e três anos, sente o peso da responsabilidade de ser o capitão de um exército e o herdeiro do trono de um povo que teima em não sucumbir.
Mordor não dá tréguas e sua sombra avança como tentáculos que tentam arrancar a Torre Branca de suas raízes. Ithilien está vazia.
Nesta próspera região de antigamente, apenas caminham os rangers, os orcs e uns poucos habitantes que teimosamente permaneceram em seus lares.
À medida que a Sombra cresce, a esperança de Gondor se esvai. Denethor começa a pagar seu quinhão na tentativa desesperada de proteger Gondor ao usar o palantir de Minas Tirith.
A tudo isso Boromir assiste, sem nunca vacilar ou se dar por vencido. Tornou-se um capitão formidável, cuja experiência adquiriu com a prática em rechaçar as forças de Mordor. Difícil imaginar esse soldado se divertindo nos salões de Minas Tirith a exemplo do que ocorria a milhas dali, nos salões de Elrond. Não havia tempo para a tranqüilidade dos livros, tampouco para romances, diante de um futuro incerto e potencialmente perigoso.
Em 3018, as hostes de Sauron atacam Osgiliath com fúria, tendo Boromir comandado a resistência. A cidade, embora arruinada mais uma vez, não foi tomada, mas mostrou o que estava por vir. Boromir soube, então, que um ataque massivo seria uma questão de tempo, como soube, também, que Gondor não resistiria.
Então, teve o sonho profético de procurar a “espada quebrada” em Imladris. Seria uma esperança? Faramir deveria ir procurar a resposta, mas Boromir, para proteger o irmão e conhecedor da necessidade urgente, parte para Rivendell contra a vontade de todos.
Desconhecendo o caminho, mas sem hesitar, prossegue em sua jornada por cento e dez dias, e finalmente chega à Casa de Elrond na véspera do Conselho.
No Conselho, Boromir mostra a que veio.
Altivo, forte, decidido, expõe a situação desesperadora na qual se encontra Gondor, encontra suas respostas e se depara com o herdeiro de Isildur. Após sua surpresa inicial, mostra seu verdadeiro caráter e sua sincera intenção. Sua iniciativa em pedir ajuda a Aragorn, contrastando com seu orgulho, arrogância e impetuosidade, confirma o fato de que a segurança de Gondor estava em primeiro lugar em suas prioridades. A partir daquele momento, ele não se importa com a ameaça de perder a possibilidade de reinar. Se o preço para a segurança do reino fosse entregar o governo para Aragorn, que assim fosse.
Seu desespero em salvar Gondor o coloca frente a frente com a arma que ele acredita poder trazer a vitória definitiva: o Anel. Embora este lhe tenha sido negado, Boromir se junta à Comitiva.
É nessa jornada que se pode verificar o sangue dos Dúnedain em Boromir, assim como sua face de verdadeiro guerreiro. Em nenhum momento Boromir fraqueja diante do perigo ou se furta a ajudar os companheiros, além de mostrar sua sabedoria, a exemplo de como expôs o que enfrentariam em Caradhras. Ali salva Frodo e ali pede para todos terem esperanças.
Quando a travessia por Caradhras é frustrada e decidem por Moria, Boromir mostra novamente seu valor. Embora seja contrário a atravessar as Minas, não abandona a Comitiva. Outra vez demonstra o tipo de guerreiro que é e o sangue que herdou em suas veias. É o primeiro na linha de frente contra os orcs que os atacaram na câmara-túmulo de Balin. Ali luta bravamente. Na ponte de Khazad-dûm não hesita na tentativa em lutar contra o Balrog ao lado de Aragorn. E a exemplo de ter sido o primeiro contra os orcs, é o último a sair de Moria, protegendo a retaguarda da Comitiva.
Nas proximidades do Rauros ele poderia ter seguido para Minas Tirith, mas preferiu ficar para ajudar os amigos.
Tudo isso mostra a verdadeira disposição de Boromir, que continuou a jornada junto dos demais companheiros.
Durante cento e vinte e quatro dias Boromir ficou com a Comitiva, desde o dia do Conselho de Elrond. Durante cento e vinte e quatro dias Boromir sentiu os efeitos da proximidade do Anel. Finalmente sucumbe e tenta tirar o Anel de Frodo. Mas esse desvario tem pouca duração. Atacado por orcs, cai mortalmente ferido pelos inimigos numericamente superiores, ao se colocar entre as lanças e flechas e os dois hobbits, Merry e Pippin. Seu último desejo, que Aragorn salvasse Minas Tirith.
Boromir partiu para Valfenda na tentativa de obter qualquer ajuda para a situação terrível na qual Gondor se encontrava. Ele não poderia falhar. Ele faria qualquer coisa, como acabou se provando, para salvar seu reino. Boromir sabia a dimensão do ataque que viria de Mordor. Seu desespero e o amor que sentia por Gondor estão bem evidenciados em suas palavras dirigidas a Aragorn no Conselho.
Amor esse que só rivalizava com seus sentimentos para com seu irmão mais novo, Faramir.
Todas as suas prioridades são bem claras, pois disputava diariamente, palmo a palmo, o território de Gondor contra Mordor. E ele corria contra o relógio. Não tardaria o ataque mortal.
Boromir nunca quis o Um por ambição ao poder, e, sim, via no Anel a força suficientemente capaz de derrotar a Sombra que pairava sobre seu amado reino.
Seu desespero foi sua fraqueza. Mas mesmo tendo sucumbido, se redimiu no final, revelando sua verdadeira índole. Foi a redenção de um lutador formidável, um comandante exemplar e um companheiro corajoso.
Este filho de Gondor jamais voltou a ver a Torre Branca que tanto amava; tampouco viu Ithilien voltar a florescer.
Morreu como um guerreiro, dando sua vida para proteger a de inocentes. E na hora de sua morte seu pensamento foi um só: Gondor.
Ensaio elaborado por Edhelcalen
“Adeus, Aragorn! Vá para Minas Tirith e salve meu povo! Eu falhei.”
Estas foram as últimas palavras de Boromir, filho de Denethor II, de Gondor.
Voltemos um pouco no tempo.
2984 T.E. Um menino de seis anos assiste seu pai assumir o governo de um reino que traz sangue de Númenor, mas que também herdou uma perigosa vizinhança.
Esse menino, que até então se permitia ser uma criança como qualquer outra, passa a ter seu destino traçado, e troca suas atividades infantis pelo treino incessante de batalhas.
Cresce ora com os olhos voltados para as fronteiras leste, ora assistindo os mortos serem enterrados.
Esse mesmo menino, que foi forçado a trocar as brincadeiras pela habilidade com a espada, chama-se Boromir.
Gondor há muito se tornara a barreira que separa o mal que exala de Mordor da paz que os povos do oeste desfrutam; paz que reina onde nem o som do choque de espadas nem a umidade do sangue derramado chegam.
Em 2001, Bilbo dá sua festa de despedida. Em meio a músicas, comidas e fogos de artifício, o Condado se diverte, e Boromir, aos vinte e três anos, sente o peso da responsabilidade de ser o capitão de um exército e o herdeiro do trono de um povo que teima em não sucumbir.
Mordor não dá tréguas e sua sombra avança como tentáculos que tentam arrancar a Torre Branca de suas raízes. Ithilien está vazia.
Nesta próspera região de antigamente, apenas caminham os rangers, os orcs e uns poucos habitantes que teimosamente permaneceram em seus lares.
À medida que a Sombra cresce, a esperança de Gondor se esvai. Denethor começa a pagar seu quinhão na tentativa desesperada de proteger Gondor ao usar o palantir de Minas Tirith.
A tudo isso Boromir assiste, sem nunca vacilar ou se dar por vencido. Tornou-se um capitão formidável, cuja experiência adquiriu com a prática em rechaçar as forças de Mordor. Difícil imaginar esse soldado se divertindo nos salões de Minas Tirith a exemplo do que ocorria a milhas dali, nos salões de Elrond. Não havia tempo para a tranqüilidade dos livros, tampouco para romances, diante de um futuro incerto e potencialmente perigoso.
Em 3018, as hostes de Sauron atacam Osgiliath com fúria, tendo Boromir comandado a resistência. A cidade, embora arruinada mais uma vez, não foi tomada, mas mostrou o que estava por vir. Boromir soube, então, que um ataque massivo seria uma questão de tempo, como soube, também, que Gondor não resistiria.
Então, teve o sonho profético de procurar a “espada quebrada” em Imladris. Seria uma esperança? Faramir deveria ir procurar a resposta, mas Boromir, para proteger o irmão e conhecedor da necessidade urgente, parte para Rivendell contra a vontade de todos.
Desconhecendo o caminho, mas sem hesitar, prossegue em sua jornada por cento e dez dias, e finalmente chega à Casa de Elrond na véspera do Conselho.
No Conselho, Boromir mostra a que veio.
Altivo, forte, decidido, expõe a situação desesperadora na qual se encontra Gondor, encontra suas respostas e se depara com o herdeiro de Isildur. Após sua surpresa inicial, mostra seu verdadeiro caráter e sua sincera intenção. Sua iniciativa em pedir ajuda a Aragorn, contrastando com seu orgulho, arrogância e impetuosidade, confirma o fato de que a segurança de Gondor estava em primeiro lugar em suas prioridades. A partir daquele momento, ele não se importa com a ameaça de perder a possibilidade de reinar. Se o preço para a segurança do reino fosse entregar o governo para Aragorn, que assim fosse.
Seu desespero em salvar Gondor o coloca frente a frente com a arma que ele acredita poder trazer a vitória definitiva: o Anel. Embora este lhe tenha sido negado, Boromir se junta à Comitiva.
É nessa jornada que se pode verificar o sangue dos Dúnedain em Boromir, assim como sua face de verdadeiro guerreiro. Em nenhum momento Boromir fraqueja diante do perigo ou se furta a ajudar os companheiros, além de mostrar sua sabedoria, a exemplo de como expôs o que enfrentariam em Caradhras. Ali salva Frodo e ali pede para todos terem esperanças.
Quando a travessia por Caradhras é frustrada e decidem por Moria, Boromir mostra novamente seu valor. Embora seja contrário a atravessar as Minas, não abandona a Comitiva. Outra vez demonstra o tipo de guerreiro que é e o sangue que herdou em suas veias. É o primeiro na linha de frente contra os orcs que os atacaram na câmara-túmulo de Balin. Ali luta bravamente. Na ponte de Khazad-dûm não hesita na tentativa em lutar contra o Balrog ao lado de Aragorn. E a exemplo de ter sido o primeiro contra os orcs, é o último a sair de Moria, protegendo a retaguarda da Comitiva.
Nas proximidades do Rauros ele poderia ter seguido para Minas Tirith, mas preferiu ficar para ajudar os amigos.
Tudo isso mostra a verdadeira disposição de Boromir, que continuou a jornada junto dos demais companheiros.
Durante cento e vinte e quatro dias Boromir ficou com a Comitiva, desde o dia do Conselho de Elrond. Durante cento e vinte e quatro dias Boromir sentiu os efeitos da proximidade do Anel. Finalmente sucumbe e tenta tirar o Anel de Frodo. Mas esse desvario tem pouca duração. Atacado por orcs, cai mortalmente ferido pelos inimigos numericamente superiores, ao se colocar entre as lanças e flechas e os dois hobbits, Merry e Pippin. Seu último desejo, que Aragorn salvasse Minas Tirith.
Boromir partiu para Valfenda na tentativa de obter qualquer ajuda para a situação terrível na qual Gondor se encontrava. Ele não poderia falhar. Ele faria qualquer coisa, como acabou se provando, para salvar seu reino. Boromir sabia a dimensão do ataque que viria de Mordor. Seu desespero e o amor que sentia por Gondor estão bem evidenciados em suas palavras dirigidas a Aragorn no Conselho.
Amor esse que só rivalizava com seus sentimentos para com seu irmão mais novo, Faramir.
Todas as suas prioridades são bem claras, pois disputava diariamente, palmo a palmo, o território de Gondor contra Mordor. E ele corria contra o relógio. Não tardaria o ataque mortal.
Boromir nunca quis o Um por ambição ao poder, e, sim, via no Anel a força suficientemente capaz de derrotar a Sombra que pairava sobre seu amado reino.
Seu desespero foi sua fraqueza. Mas mesmo tendo sucumbido, se redimiu no final, revelando sua verdadeira índole. Foi a redenção de um lutador formidável, um comandante exemplar e um companheiro corajoso.
Este filho de Gondor jamais voltou a ver a Torre Branca que tanto amava; tampouco viu Ithilien voltar a florescer.
Morreu como um guerreiro, dando sua vida para proteger a de inocentes. E na hora de sua morte seu pensamento foi um só: Gondor.
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Créditos: figura retirada do site www.lordoftherings.net
Parabens sobre esta análise de Boromir! Gostei bastante! A maioria das pessoas tendem a ter uma visão negativa do filho mais velho de Denethor e dificilmente conseguem captar o que você captou :)
ResponderExcluirAgora você precisa fazer uma assim para Fëanor... esse é difícil :P
ah! Mas eu já fiz.
ResponderExcluirObrigada pelo elogio!!!
Seja sempre bem-vindo ao meu humilde blog!