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Tanto para o menor como para o maior, há alguma coisa que só se pode realizar uma vez; e nesse feito o coração repousará (Fëanor, no Circulo de Julgamento, O Silmarillion)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

“As Aventuras de Mark Twain” – nova edição censurada


Dentro em breve, a editora americana NewSouth publicará a nova versão do livro “As Aventuras de Tom Sawyer”, de Mark Twain.
A obra do século IXX, um clássico da literatura, terá sua revisão devido a protestos recebidos quanto a termos utilizados em sua narrativa, especialmente a palavra “Nigger”, considerada extremamente ofensiva, depreciativa e racista.
A nova edição, que foi revisada pelo estudioso de Twain, Dr. Alan Gribben, substitui todas as ocorrências das palavras “nigger” e “injun” por “escravos”.

Devido aos constantes protestos, a obra deixou de ser lida nas escolas. Segundo Gribben, a saída foi trocar os termos problemáticos, pois, ainda conforme ele, é melhor ter uma obra parcialmente censurada do que não ter nada.

Do outro lado estão os puristas, como Wortham Thomas, que embora afirme entender as razões para as mudanças, acredita que a versão censurada não criará situações para que alunos e professores questionem sobre a obra e tampouco irá encorajar o livre-pensamento.
Outra crítica de Thomas é que, devido ao mundo querer se tornar políticamente correto, mudar peças clássicas para adequar aos novos padrões morais é absurdo.

O que se tem discutido é se o uso excessivo de termos depreciativos e racistas tornam “As Aventuras de Tom Sawyer” uma leitura emocionamente difícil, ressaltando que ele não foi escrito para leitores de hoje.
Vale lembrar que o personagem Huck vai mudando de opinião – antes extremamente racista – sobre os negros, conforme seu relacionamento com o escravo Jim vai se aprofundando.

É interessante que os americanos tendem a evitar a palavra “nigger”, até mesmo em textos sem qualquer cunho racista, preferindo usar a expressão “palavra com N” ou “palavra-N”.

Talvez no Brasil nós não tenhamos a dimensão do problema e, por isso, nos é difícil entender a amplitude da questão.


É uma polêmica, pois isso abre brechas para que outras obras também passem a ser revisadas futuramente.

A matéria foi publicada originalmente pela Publishers Weekly.

Se você tem alguma opinião a respeito, sinta-se livre para postar aqui, desde que se abstenha de qualquer manifestação depreciativa e/ou racista, por favor.

Um comentário:

  1. Eu sou contra esse tipo de alteração. A obra em si não é racista, mas ela retrata personagens e situações de uma época racista. Mantê-la como no original estimula o debate da questão. Querer tomar a obra mais politicamente correta apenas serve pra mascarar uma ferida não cicatrizada.

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