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Tanto para o menor como para o maior, há alguma coisa que só se pode realizar uma vez; e nesse feito o coração repousará (Fëanor, no Circulo de Julgamento, O Silmarillion)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Tradução: A Primeira Diretriz


Tradução: A Primeira Diretriz

Autor do texto: Dave Marinaccio
Tradução: Shirley “Edhelcalen” Santos


Centro de tudo em Star Trek é a diretriz de não-interferência, a Primeira Diretriz, como é chamada. Provavelmente, é a idéia mais importante no seriado. A maneira como a diretriz é aplicada ou não é tão interessante quanto seu próprio conceito.

A Primeira Diretriz proíbe o capitão e a tripulação da Enterprise de interferirem nas questões internas de qualquer planeta que visitem.

Digamos que a Enterprise apareça num planeta onde um sacrifício humano esteja para acontecer. Eles são proibidos de impedir o sacrifício.
Atrás da Primeira Diretriz está um dos mais belos e perfeitos raciocínios. Os povos têm o direito de construir suas sociedades da maneira que desejarem. Razões válidas podem existir que justifiquem o sacrifício que acontecerá, razões que a tribulação da Enterprise pode não compreender totalmente. Preconceitos culturais podem influenciar a maneira que a tripulação interpreta o que vêem. Portanto, é melhor não interferir em algo que você não tenha completo entendimento.
Essa regra não apenas protege o povo do planeta, ela protege a tripulação. A não-interferência resguarda a tripulação de estar no meio de uma luta particular. Uma vez que ela não esteja envolvida, não terá que tomar partido.

Agora um cenário diferente. A Enterprise descobre um mundo que está devastado por uma praga. Antibióticos da nave poderiam salvar o mundo. De acordo com a Primeira Diretriz, a Enterprise não pode interferir. Embora eles possam salvar os habitantes do planeta, eles podem, também, estar na posição de decidir quem vive e quem morre. Ou, durante a inoculação, tecnologias avançadas podem cair em mãos erradas. Potencialmente, essa tecnologia avançada poderia regredir o mundo e produzir resultados ainda piores que a praga. Novamente, a sabedoria da Primeira Diretriz protege tanto a Enterprise quanto as formas de vida encontradas.
Se você compreender o precedente, pode também compreender isso.
A Primeira Diretriz é tratada com tanto respeito quanto um hidrante num show canino. Episódio após episódio após episódio, Kirk ignora a Primeira Diretriz e faz com que acreditemos que isso seja correto.
Nunca duvide que o capitão desceria de seu pedestal e impediria o sacrifício humano. Se a pessoa a ser sacrificada for uma jovem e atraente mulher, nunca duvide que o capitão se apaixonaria. Em seguida, ele transferiria os antibióticos e acabaria com a praga. Kirk cumpre a diretriz quando ela se ajusta a seus propósitos. Raramente ao contrário.
De certo modo, a Primeira Diretriz desempenha sua principal missão: criar conflitos dramáticos.

Qual, então, é a lição aqui? Uma bem importante. Pessoas são mais importantes que regras. Força o espírito da lei sobre a letra da lei. A Primeira Diretriz foi instituída para proteger as pessoas. Quando a diretriz toma um caminho diferente daquele de proteger as pessoas, ignore-a.
Uma pessoa que entende uma regra sabe quando quebrá-la. Uma pessoa que entende uma regra entende sua intenção. A Primeira Diretriz não foi pretendida para fechar os olhos para sacrifícios humanos. Kirk faz a coisa certa quando ele interpreta a regra para se ajustar à situação.
Não seria maravilhoso se nosso sistema judicial pudesse fazer essa diferenciação? Nós odiamos advogados porque eles usam a letra da lei para seus próprios propósitos. Eles pervertem o espírito da lei. Eles tornam o certo errado, e o errado certo. Advogados deixariam o sacrifício humano acontecer e então abririam um processo em favor dos parentes.


Assista praticamente qualquer episódio de Star Trek e a Primeira Diretriz desempenhará uma parte. Mas o Capitão James T. Kirk desempenhará a parte mais importante. Julgamentos acontecerão. E as pessoas serão mais importantes que regras.

Um comentário:

  1. Eu ODEIO essa primeira diretriz, é a coisa mais americanamente estúpida de Jornada nas Estrelas.

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